Monismo

Heidi Soraia Berg

Resenha do livro: MONISMO – UMA INTERPRETAÇÃO ATUALIZADA

Autor – Prof. Dr. Guaracy Rosa

Editora Somos, 2013

Para principiar esta apreciação, é importante dizer que a temática foi abordada com grande destreza, pois trata-se de um assunto difícil. Segue-se que algumas frases sintetizam em ideias-pilares o que foi exposto. Acompanhada pelo autor, fui encontrando-as ao longo das quase trezentas páginas, pertencendo a uma análise diligente. Várias “pecinhas” foram sendo compostas para formar o grande quebra-cabeça monista, conforme está anunciado na contra-capa do volume.

Esta análise traz a menção de vários escritores cristãos, espíritas e vedantistas, dos quais o autor utiliza-se para fundamentar, na atualidade, “respostas” à perguntas antigas. Entre elas, propõe-se “falar” de Deus. Se continuamos com a metáfora de jogos, poderíamos dizer que essa “fala-escrita” está configurada como um tabuleiro de xadrez, com seus 62 capítulos, acompanhados por um prólogo e um epílogo, perfazendo a 64ª base preto-branca (dual), onde as “peças” (ideias-pilares) estão sendo movidas.

Cada capítulo pode ser lido isoladamente, caso seu título desperte o interesse do leitor; há também a possibilidade de lê-lo inserido numa sequência de conceitos-chave monistas, para cuja apresentação acreditamos que uma boa dose de coragem foi necessária. Já Swami Vivekananda, no segundo volume de suas obras completas, ao apresentar Jnana Yoga pergunta: O mundo externo é real? Afirma que a religião começa com essa questão e termina com sua resposta. O autor não teme dar sua contribuição a esse tema.

Palavras e expressões usadas para nomear os capítulos do livro de Swami Vivekananda são as mesmas que permeiam, como conceitos-chave, os capítulos reinterpretados do Monismo: natureza real do homem, maya, evolução, conceito de Deus, liberdade, absoluto, manifestação, realização, unidade na diversidade, cosmologia, imortalidade, Atman e alma. Afinal, o monismo é definido como sendo a essência da interpretação de Deus. Ele trata deste centro, absoluto, onde há apenas o Um, imutável, imaterial, sem nascimento nem morte, em que há ausência de tempo e espaço e os atributos de onipotência, onisciência e onipresença são resguardados.

As teorias elegidas pelo autor explicam a projeção de Deus no tempo e espaço fragmentando-se e permanecendo como semente em potencial em cada um destes fragmentos. Ele expõe metodologicamente a transformação constante do pequeno ego para o ego maior como realização que cada ser humano objetiva atingir. Insiste que eliminar esse pequeno ego é uma das maiores dificuldades da nossa evolução. Reitera que para tanto nos lembremos de nossa verdade, ou seja, de que somos Deus mesmo; que possuímos a fagulha divina (alma) como criações à sua imagem e semelhança que somos.

A oração, a meditação e a repetição de um mantra, cantos devocionais, a conversa ou diálogo interno e o convívio diário com Deus formam, assim, o caminho para que a alma (absoluto) interaja com o corpo (relativo), proporcionando grande prazer e alegria ou realização (ressurreição, para alguns). Outros nomes mencionados para alma são espírito santo, fluido vital ou prana universal. Em sua argumentação, o autor diz que a alma manifesta-se como instinto. É como um espelho que reflete imagens, entretanto, não é afetado pelas mesmas. Ela já é plena, sábia e eterna. Para a teoria espírita, o ser humano é composto pela trindade alma, perispírito e corpo físico.

Finalmente, somos recordados que vivemos num mundo virtual, porém com essa alma em nós. Por isso, estamos existindo, tanto no plano absoluto (abstrato) quanto no plano relativo (virtual). Somos virtuais e “Ele” real. O autor refere-se a Sri Ramakrishna que dizia que “viver no mundo e não viver para o mundo” sintetizava a solução para esse paradoxo. Não é somente “existência”, mas também “conhecimento” e “bem-aventurança” (Satchitananda).`

A teoria filosófica do determinismo e o conceito de livre-arbítrio, junto com outros conceitos são retomados ao longo de vários capítulos para concluir que o ser humano é a grande obra-prima de Deus, cuja essência é amor, bondade, equilíbrio e perfeição. O despertar monista é uma verdadeira benção que “nos dá forças para vencer e continuar vivendo de forma real”, conforme as palavras do autor. Como humanidade, diz, ainda é preciso conquistar nossa maturidade.

Heidi Soraia Berg
Doutoranda em Linguística Aplicada, Unicamp/Brasil
Resenha concluída em 06/01/2014

Dr. Guaracy Rosa

Dr. Guaracy Rosa

Formado em Odontologia - Professor de Farmacologia - 48 Anos de Carreira Universitária - Integrou Corpo Docente da USP - Doutorado em Farmacologia

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